Introdução
A interface entre a água subterrânea e a superficial
A condição de perenidade verificada nos cursos d’água superficiais na maior parte do território brasileiro demonstra que a contribuição dos fluxos subterrâneos é suficiente para alimentar as suas descargas durante todo o período de estiagem. De maneira inversa, cursos superficiais temporários manifestam a incapacidade e a insuficiência de os aqüíferos locais alimentarem seu escoamento, situação esta verificada regularmente na região do semi-árido, onde é típica a predominância do embasamento cristalino subaflorante, impermeável e com fina capa aluvionar ou de intemperismo a ele sobreposta.
Estimativas dão conta de que os aqüíferos do mundo que participam mais ativamente do mecanismo de renovação das águas estocam cerca de 10,3 x 106 km3 ou cerca de 30% do volume total de água doce da Terra, calculado em 34,6 x 106 km3, sendo a contribuição do fluxo dos rios cerca de 13.000 km3/ano (UNESCO, 1998).
Da mesma forma que um aqüífero alimenta um rio, que neste caso é denominado rio efluente, um rio também pode, em determinadas condições, alimentar um aqüífero, caso em que o rio é denominado rio influente. Isto é normal quando da explotação de aqüíferos por poços construídos em depósitos aluvionares quaternários, localizados às margens dos rios. A água explotada provém do rio, com o aqüífero cumprindo à risca sua função filtro já descrita, processo este condicionado às diversas variáveis intervenientes, tais como distância do poço ao rio, porosidade e permeabilidade do aluvião, velocidade da percolação, taxa de explotação, etc.
À exceção das águas conatas e juvenis, e a par de todo o exposto, é possível afirmar que as águas são as mesmas: estarem subterrâneas ou superficiais é uma questão transitória, de momento, a condição não é permanente e existe a alternância, variando apenas a velocidade do fluxo, lenta no subsolo e rápida na superfície. O entendimento deste conceito de interdependência entre as coleções hídricas do subsolo e da superfície é indispensável a uma correta gestão dos recursos hídricos.
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RT: Marcilio Tavares Nicolau - CREA MG 9877/D
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