Introdução
A qualidade da água subterrânea
A qualidade da água mantém estreita relação com as características hidrodinâmicas do corpo hídrico: enquanto nos cursos d’água superficiais verifica-se a ocorrência de alta velocidade, escoamento unidirecional e grande turbulência, nos aqüíferos a velocidade e a turbulência são muito baixas, o escoamento é multidirecional e o tempo de residência é muito alto. Estas grandezas exercem papel fundamental na capacidade de dissolução das águas.
Ao percolar no subsolo, as águas subterrâneas promovem a lixiviação de diferentes tipos de solo e rocha e adquirem características químicas próprias destes meios, posto que a água é um forte solvente, em função de sua estrutura molecular dipolar. Nas águas naturais este poder de dissolução é potencializado pelas baixas velocidades de circulação, pelas maiores pressões e temperaturas a que estão submetidas e pela facilidade de dissolver gás carbônico no solo não saturado. A formação de ácido carbônico e a existência de ácidos orgânicos, principalmente húmicos, produzidos pela atividade dos seres vivos ao nível do solo ocasionam, portanto, estas reações responsáveis também pela qualidade química das águas em profundidade.
Num país tropical como o Brasil, a abundância de água (umidade) e seu conteúdo em ácidos se colocam como o principal responsável pelo intemperismo das rochas, dando origem a mantos de decomposição com espessura de dezenas de metros. (Zimbres, E., 2000).
Todas as águas naturais possuem, em graus distintos, um conjunto de sais em solução, mas geralmente as subterrâneas possuem teores mais elevados que os apresentados pelas superficiais, por estarem intimamente expostas aos materiais solúveis presentes no solo e nas rochas. A quantidade e a qualidade dos sais dissolvidos na água subterrânea dependem do meio percolado, da velocidade e do tipo do fluxo subterrâneo, da fonte de recarga do aqüífero e do clima da região. Em áreas com alto índice pluviométrico a recarga constante dos aqüíferos permite uma maior renovação das águas subterrâneas, com a conseqüente diluição dos sais. Diferentemente, a pequena precipitação em climas áridos leva a uma salinização na subsuperfície do solo através da evapotranspiração da água, que sobe por capilaridade. Isto é usual na região nordeste do país, onde o problema de falta de água consiste muito mais na sua inadequação ao consumo pela alta salinidade do que propriamente na inexistência da mesma.
Alguns constituintes iônicos estão presentes em quase todas as águas subterrâneas e a sua soma representa a maior parcela dos íons existentes. No grupo dos cátions destacam-se o sódio, o potássio, o cálcio e o magnésio; dentre os ânions, têm-se os cloretos, os sulfatos e os carbonatos.
Outros inúmeros constituintes iônicos de caráter secundário apresentam concentrações inferiores a 1% em relação aos principais; e se alguns são freqüentemente verificados nas águas subterrâneas, tais como ferro, manganês, alumínio e sílica, outros são raros e estão presentes em quantidades mínimas somente mensuráveis por técnicas apuradas, mas, ainda assim importantes na avaliação das condições de potabilidade da água.
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RT: Marcilio Tavares Nicolau - CREA MG 9877/D
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