A penetração nas camadas do subsolo pode ser realizada de duas formas distintas: escavação e perfuração. Na primeira está subentendida a presença humana dentro do furo, com sérias limitações concernentes à estabilidade das paredes da formação e às dificuldades de aprofundamento a partir do lençol d’água. A segunda se refere à utilização de ferramentas apropriadas, compatíveis coma realidade de cada objetivo: desde o mais simples trado até as complexas sondas para profundidades que superam os mil metros e que utilizam as mesmas tecnologias da área de poços petrolíferos.
A captação do lençol freático através de poços escavados denominados cacimbas ou cisternas é a maneira mais usual e rudimentar de promover o abastecimento de água em comunidades rurais e mesmo em pequenos agrupamentos urbanos no interior do Brasil. Em determinadas regiões adota-se também a construção de poços amazonas, de maior diâmetro ou poços radiais que dispõem de drenos horizontais, aumentando sobremaneira a área de influência do poço, desde que a formação seja a isso propícia.
Entretanto, o volume preponderante da água subterrânea no país é explotado através de poços tubulares profundos, que devem ser construídos segundo procedimentos normatizados, sob a responsabilidade técnica de profissional capacitado, com o emprego de sondas perfuratrizes percussoras, rotativas ou topneumáticas, observando-se a adequação de cada método às peculiaridades das formações geológicas a atravessar.
Por se tratar de obra de engenharia, os estudos e a construção de poços devem ser executados por profissionais e empresas devidamente registrados no CREA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, do respectivo estado, através da ART – Anotação de Responsabilidade Técnica, procedimento este que caracteriza o responsável perante a lei e pode significar um incremento na segurança e qualidade dos serviços prestados. Esses trabalhos são normatizados pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, através das normas abaixo, de abril de 1992 e atualmente em fase de revisão:
- NBR 12212 – Projeto de poço para captação de água subterrânea
- NBR 12244 – Construção de poço para captação de água subterrânea
A construção de poços tubulares deve obedecer a um projeto que, mesmo estimativo no tocante à exatidão da profundidade, define as diversas variáveis que interagem no processo: método de perfuração, diâmetros, materiais para revestimento das camadas inconsolidadas – incluídos os tubos lisos e tubos de filtros – necessidade de pré-filtro, cimentação e proteção sanitária.
Um projeto correto deve também contemplar os métodos para completação do poço: limpeza e desenvolvimentos químico, mecânico ou pneumático, teste de vazão e eventualmente teste de aqüífero, necessidade de poços de observação ou piezômetros, procedimentos para desinfecção final e parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos a analisar para a avaliação da qualidade da água captada e sua aptidão para o uso pretendido.
Conhecidos os dados hidrodinâmicos do poço, a vazão nominal de explotação, as características da adução externa e o tipo de energia disponível, é possível portanto, realizar o dimensionamento correto do equipamento de extração de água, seja um conjunto motobomba submerso, bomba injetora ou o sistema de air-lift com a injeção de ar comprimido, solução esta ineficiente sob a ótica energética, porém uma saída engenhosa para águas com alto teor de sólidos em suspensão – o que indica certamente um projeto inadequado ou uma incorreta construção do poço.
Um dos parâmetros hidráulicos que representam a potencialidade do aqüífero, determinado através do teste de bombeamento, é a capacidade específica ou vazão específica, segundo alguns autores, que vem a ser a relação entre a vazão explotada e o rebaixamento de nível d’água verificado no poço, grandeza esta expressa geralmente em m3/h.m.