No Brasil, a disparidade que caracteriza – quanto à distribuição espacial – a maioria dos indicadores de desenvolvimento econômico e social, também se faz presente quando o assunto é saneamento, como é mostrado na Figura 4 abaixo, com base em dados do Censo Demográfico de 2000 (IBGE, 2004). Manancial 200 31,0 % 13,35 x 106 38,1 % 310 48,1 % 3,14 x 106 9,0 % 135 20,9 % 18,50 x 106 52,9 % 645 100,0 % 34,99 x 106 100,0 %
Assim, 15,6% de todos os domicílios do país utilizam a água subterrânea captada através de nascentes – que são os afloramentos dos aqüíferos – ou poços quase sempre escavados, que explotam o lençol freático em condições sanitárias questionáveis. Isto faz dessa porção da população aquela mais suscetível às doenças de veiculação hídrica e contumaz freqüentadora das filas de atendimento médico.
Dentro dos critérios adotados no Censo, que englobou outras formas de abastecimento, um percentual não determinado da outra parcela de 6,6% dos domicílios também utiliza indiretamente a água subterrânea, provavelmente nas mesmas condições sanitárias. Apenas um número estatisticamente inexpressivo de domicílios dispõe de poço tubular profundo próprio, unicamente para seu consumo, construído dentro dos requisitos técnicos, sanitários e legais vigentes, às vezes até em regiões servidas por rede de abastecimento, o que neste caso configura a existência do poço como objeto de luxo ou status.
Quanto à participação da água subterrânea no volume global da água distribuída através de redes, o Diagnóstico de Serviços de Água e Esgoto (SNIS, 2004) amostrou um universo de 123,2 milhões de pessoas atendidas por 279 empresas prestadoras de serviço. Adotando o critério de classificar o “volume de água tratado em ETA” como o volume proveniente de mananciais superficiais e o “volume de água tratada por simples desinfecção” como aquele captado a partir de mananciais subterrâneos ou fontes de cabeceira, chegou-se ao seguinte resultado:
O uso da água subterrânea para abastecimento urbano tem sido direcionado aos pequenos e médios municípios, em vista dos volumes demandados pelas grandes metrópoles.
Levantamento interessante realizado no estado de São Paulo (CETESB, 2004) com base em dados de 2002, mostra, na Tabela 2 abaixo, a relação entre o manancial utilizado, o número de municípios e a população atendida:
Estes sedimentos, de origem eólica e flúvio-lacustres, sotopostos aos derrames basálticos da formação Serra Geral, têm espessura média de 250 metros e são os principais constituintes do aqüífero Guarani, um dos maiores e mais importantes lençóis subterrâneos conhecidos no planeta, transfronteiriço e subjacente a 4 países: Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina, com a extensão aproximada de 1,2 milhões km2, área esta cuja população é estimada em 15 milhões de habitantes (ANA, 2004).
Em função de dados médios sobre porosidade, espessura, pluviometria e taxa de infiltração, foram calculadas: uma reserva permanente de 45.000 km3 de água e uma recarga de 166 km3/ano, ou 5.300 m3/s. Estima-se um volume explotável entre 25% e 40% da recarga, o que perfaz 1.300 a 2.100 m3/s.
No Brasil, sua área de domínio integra o território de 8 estados, como se verifica na Figura 5 abaixo:
Área de abrangência do Aqüifero Guarani
Comparação
Desta forma, cidades como Manaus, Maceió, Natal e Mossoró (RN), São Luís, Belém e Recife captam nos mananciais subterrâneos uma parcela preponderante da água distribuída à população.
Estudo recente de grande importância (ABAS, 2003) avalia a viabilidade de aproveitamento dos recursos hídricos subterrâneos, através de metodologia adequada, para suprimento de água potável em pequenas e médias comunidades na área da SUDENE, região do Polígono da Seca, a partir das seguintes justificativas:
Após análise detalhada dos aqüíferos que ocorrem em cada estado – Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão, conclui-se da possibilidade de abastecimento de uma população de 16 milhões de pessoas através da construção de 2.700 poços nos 9 estados, com uma vazão total prevista da ordem de 668 m3/s, mediante a alocação de recursos de aproximadamente 600 milhões de reais, incluindo estudos, projetos, construção dos poços e instalação dos equipamentos de bombeamento. Isto representa um investimento de R$ 38,00 per capita e, dentro de um plano qüinqüenal, um investimento de 120 milhões de reais por ano.
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RT: Marcilio Tavares Nicolau - CREA MG 9877/D
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