Através do ciclo hidrológico, a água é um recurso renovável, sendo a sua degradação qualitativa atribuída às atividades antrópicas. A poluição que atinge os mananciais superficiais, a crescente distância desde as captações aos centros consumidores das grandes regiões metropolitanas e o maior gasto de energia na adução tem contribuído para o gradativo aumento real no custo do metro cúbico de água potável produzida dentro dos padrões tradicionais.
Objetivando não só a preservação dos recursos hídricos disponíveis como a diminuição do volume de efluentes gerados pelas mais diversas tipologias de empreendimentos, o reúso da água tem se disseminado e encontrado um campo fértil de aplicação. Este procedimento foca a obtenção de água potável nas regiões mais carentes de água ou águas de qualidade inferior para utilizações menos nobres, notadamente em plantas industriais onde é possível o seu emprego sem prejuízo dos resultados.
Considera-se o reúso como o aproveitamento de águas previamente utilizadas, uma ou mais vezes, em alguma atividade humana, para suprir as necessidades de outros usos benéficos, inclusive o original (Brega Fo, D., 2003).
O reúso pode ser classificado em três categorias, listadas a seguir:
A partir de tais premissas, um exemplo trivial de reúso indireto não planejado é a captação em um curso d’água, a jusante do lançamento de um efluente, que durante o trajeto está sujeito a processos como autodepuração, sedimentação, diluição, etc. Outro exemplo do mesmo tipo de reúso: se a água deste curso se presta à recarga de lençóis subterrâneos, pela infiltração no subsolo em pontos favoráveis, a explotação deste aqüífero através de poços configura este processo.
Já o reúso direto planejado não potável ocorre com freqüência nas plantas industriais, a despeito da tipologia do empreendimento. Um caso específico de reúso direto é a reciclagem, onde a água retorna sem tratamento ao mesmo uso original, como se passa no processo de resfriamento de alto-forno em usina siderúrgica, havendo apenas a dissipação do calor.
No que concerne ao presente estudo, vale ressaltar a importância do reúso indireto planejado, com finalidade geralmente potável, ao tirar proveito das funções dos aqüíferos, aqui já citadas: função filtro, função estocagem e função transporte. Entretanto este processo de reúso não deve ser apenas intencional: deve sim, ser bem elaborado, posto que complexo, com base em estudos geológicos, hidrogeológicos e hidroquímicos amplos, tais como os referentes à permeabilidade, porosidade, espessura e extensão do aqüífero, bem como drenanças, gradientes hidráulicos, velocidade de percolação, possibilidade de interação com outros sistemas aqüíferos fraturados ou cársticos, possibilidade de reações químicas entre os componentes da água injetada e os da formação e suas influências na qualidade da água resultante deste processo, recargas, descargas e suas conseqüências durante o trajeto, dentre muitas outras variáveis.
A injeção no subsolo de efluentes tratados pode ter outras finalidades como a contenção de intrusão salina em aqüíferos costeiros ou no controle da subsidência de terrenos, causada por superexplotação.
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RT: Marcilio Tavares Nicolau - CREA MG 9877/D
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