Introdução
As funções do aquífero
Numa visão mais ampla, que possa abranger as múltiplas interfaces entre as águas superficial, subterrânea e atmosférica em uma mesma bacia hidrográfica, alguns autores atribuem aos aqüíferos o desempenho de diversas funções, dentre as quais destacam-se as seguintes (Rebouças, A.,1999):
- função produção, a mais utilizada, no caso de o aqüífero dispor de grande espessura saturada com nível piezométrico mais próximo à superfície que permita sua explotação de forma econômica. A captação em taxas mais elevadas induz recarga em patamares proporcionais, e pode acarretar em certos casos a drenagem de áreas alagadiças com a conseqüente eliminação dos vetores típicos de regiões insalubres;
- função estocagem, permitida pela interconectividade entre os corpos de água superficiais e subterrâneos: nas estações chuvosas, os aqüíferos são recarregados para que nas estações secas possam manter a perenidade de rios e lagos. Em casos de formações geológicas com grande espessura não saturada, é possível induzir a recarga artificialmente através de poços construídos para esta finalidade, a partir de enchentes e inundações captadas por diversas formas de implúvio;
- função filtro, já que a percolação da água subterrânea a baixa velocidade, na casa de centímetros por dia, concorre para a depuração física e eventualmente biogeoquímica das águas recarregadas pelas coleções hídricas superficiais;
- função transporte, característica marcante dos aqüíferos confinados, onde as zonas de recarga podem se situar a consideráveis distâncias dos pontos de efetiva explotação;
- função estratégica, quando utilizada para complementação do abastecimento nos grandes centros urbanos durante picos sazonais de demanda. Também o aqüífero constitui uma proteção natural ao volume de água estocado, contra riscos naturais como avalanches, terremotos ou acidentes ambientais potencialmente poluidores causados por ações antrópicas, que normalmente afetam com maior facilidade os corpos hídricos superficiais;
- função energética termal, posto que aqüíferos confinados localizados a maior profundidade têm como característica o fornecimento de água que alcança temperaturas da ordem de 50º C. Também em regiões de clima temperado, com invernos rigorosos e verões escaldantes, as águas subterrâneas, mesmo em aqüíferos mais superficiais, são pouco suscetíveis a uma violenta variação de temperatura, permitindo através de aparelhos trocadores de calor, o resfriamento ou aquecimento de ambientes, de acordo com a estação com sensível economia do consumo de energia.
Com relação à função estocagem, tem sido disseminada nos Estados Unidos, a partir de 1968, uma tecnologia em que a injeção de água no aqüífero e sua posterior recuperação acontecem em um mesmo poço. De acordo com a definição, a técnica denominada ASR – Aquifer Storage and Recovery (Estocagem e Recuperação de Aqüífero) – envolve o armazenamento de água potável em um aqüífero adequado através de um poço em épocas de maior disponibilidade hídrica e a recuperação desta água na época em que for necessária (Bahr, J. et al, 2002). Desde 1968, 20 sistemas já foram implantados e outros 40 encontram-se em diferentes estágios de implantação, destinados inclusive a atender picos de demanda nas estações de tratamento de água.
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RT: Marcilio Tavares Nicolau - CREA MG 9877/D
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